quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pensando o consumo densenfreado, as liquidações e o fast-fashion



Semanas de moda me cansam. Sei que esta é a frase que ninguém espera ouvir de mim, mas é verdade. No começo acho divertido, colorido, novidade. Depois de dois ou três dias já me desanima. Saturação. Muitas vezes, muito do mesmo. Pode parecer estranho principalmente pelo fato de eu ter um blog (que não é só) de moda. Tá bem, eu falo de moda, mas na verdade estilo me interessa mais. Grande parte das pessoas mais estilosas que eu conheço não sabe quase nada ou não se interessa nem um pouco por moda.

Já faz um tempo que noto que a revista de moda que assino chega lá em casa e às vezes fica dias fechada. Não me animo a abri-la. Mais do mesmo. A novidade de hoje é a de ontem reinventada e me dá aquela sensação de de jà vu. Não digo que a moda não seja necessária, claro que é. Ela exerce um papel social, cultural, político no mundo e isso vem de muito tempo. O que tem me cansado é o apelo do novo, a necessidade do novo. Fast-fashion já!?! Ter tudo o que está na moda??? Comprar, comprar, comprar estupidamente.

Desde dezembro andamos pelas ruas e todas as vitrines exibem cartazes de promoção até 60, 70%. Isso enlouquece qualquer mulher. Tantas coisas lindas e coloridas e que as revistas e as novelas nos fizeram acreditar que não podíamos viver sem, e agora pela metade do preço ou até menos! Imperdível, não é?

Pois é. Andamos para lá e para cá, enchendo as mãos de sacolinhas - e sacolonas - brilhantes, cheias de coisas tão necessárias no momento de passar o cartão, mas... quando a gente chega em casa consegue realmente lembrar tudo o que comprou? Pode parecer meio absurda essa pergunta, mas ela é fato. Comigo mesmo já aconteceu algumas vezes. Tenho o costume de listar as coisas que compro em temporadas de liquidação. Anoto tudo: do prendedor de cabelo à calça jeans. Outro dia, olhando a lista dos últimos três meses, levei um susto*. De algumas coisas eu nem me lembrava mais. Muitas vezes eu compro por impulso mesmo, pensando que não vou mais encontrar aquele produto exclusivo na próxima vez em que voltar à loja e me arrependerei profundamente. Será mesmo? Será que no dia seguinte eu ainda me lembraria dele?

Comecei a pensar nas coisas que eu já comprei ao longo desses anos, nas que já descartei, nas que mantive e que ainda adoro. Ficam aquelas que tem algum envolvimento afetivo na minha vida, que são símbolos de alguma coisa. Essas acabam se tornando as preferidas e sempre são as primeiras a ser escolhidas na produção. De quê então adianta ter tanta coisa se no fim das contas eu uso sempre as mesmas poucas e boas? Pode parecer falta de originalidade, preguiça, mas no fundo o que acontece é que estas peças me dão uma certa segurança. Funcionam quase como um amuleto.

Chanel estava certa quando dizia que nós devíamos ter poucas peças, mas todas de boa qualidade. É isso mesmo, poucas nos bastam. Seja pensando no consumo consciente ou no bom e velho clássico, no fim a conclusão é a mesma. Prá quê acumular tanta coisa? Prá quê gastar tanto dinheiro em peças que vão para o fundo do armário? 

Pensar para comprar direito. Sempre.

(E com o dinheiro que sobra você ainda pode fazer coisas realmente importantes prá você!)




* Sei que devem estar pensando que eu tenho o complexo de Becky Bloom. Na verdade, com a troca de presentes que vieram em tamanhos errados e os bônus que ganhei de algumas lojas queridas, acabei dobrando ou triplicando as compras de final de ano. Por isso o susto ao ver a lista de coisas que eu tinha acumulado!

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