Pensando sobre o uso excessivo de gadgets, descobri uma matéria na Elle do mês passado sobre o De-tech, a desintoxicação de eletrônicos modernosos. Me deu um alívio imediato ver que não sou somente eu que ando incomodada com o abuso do uso de celulares (principalmente), computadores e outros brinquedinhos tecnológicos nos happy hours, nos passeios no shopping, na casa de amigos...
Eu penso assim: se você sai com alguém - seja amigo, namorado (a), parente - é porque você quer passar tempo com essa pessoa. Daí eu concluo que este tempo deve ter qualidade, até porque a vida anda tão corrida que nem sempre podemos estar perto de todo mundo que a gente gosta. Então surge a pergunta: por quê não aproveitar este tempo para olhar nos olhos, pegar na mão, observar o sorriso do outro? Precisa mesmo ficar olhando o telefone de dois em dois segundos? Precisa avisar para os seus amigos virtuais (e muitos são só virtuais mesmo) o que você pediu no restaurante, se a comida demorou ou não, se tinha muito sal, se vocês decidiram tomar sorvete depois? Eu acho que não.
A cena mais comum atualmente...
Na verdade eu acho o cúmulo da falta de educação conversar olhando para o celular ou o laptop o tempo todo. É dizer claramente ao outro que ele vale menos do que seu aparelhinho que fica na sua mão o dia inteiro. Se você não dispõe de tempo para estar com a outra pessoa, espero que tampouco a faça desperdiçar o tempo dela com você. Assustou com a frase? Pense bem, não é isso que você está fazendo ao não olhar prá ela? Aposto que muitas vezes as pessoas vão embora dos encontros sem sequer saber que roupa a outra pessoa estava usando. Se você é adepto ao celular, faça o teste! Você se lembra de qual roupa sua amiga ou seu namorado estava usando no último encontro?
Os professores têm cada vez mais dificuldade em domar crianças que não largam o telefone em sala de aula.
Não faz muito tempo Karl Lagerfeld escreveu um texto para a Vogue França reclamando a mesma coisa. Com todo esse exagero quanto ao uso de eletrônicos, surgiram vários movimentos que buscam diminuir esse desespero das pessoas com relação às redes sociais e informação plugada, entre eles o Sabbath Manifesto. Este movimento foi criado por um grupo de artistas judeus, com o mesmo objetivo do Slow Food, por exemplo. É escolhido um dia da semana para evitar qualquer forma de tecnologia. Ao desplugar, a pessoa é levada a observar o mundo real e viver nele, se encontrando com pessoas reais em lugares reais, aproveitando seu tempo para ler, estudar, relaxar...
É um pouco assustador - ok, na verdade é muito assustador - pensar que em mais ou menos 10 anos as pessoas desaprenderam como ser pessoas. Para muitos hoje é extremamente difícil acordar e não dar bom dia no Twitter, ou dormir sem antes dar uma última espiada no Facebook e nos emails. Muita gente passou a ter vida ativa na rede e se esqueceu completamente do que é uma vida ativa no mundo real.
Lendo este texto talvez você pense que eu não sei como é legal ter um perfil no Facebook. Sim, eu sei. Aliás, eu tenho Facebook, Twitter (que até hoje não sei usar direito), My Space (que está abandonado há muito tempo) e email. Cinco. Vendo os números, parece assustador, mas tudo é questão de como essas coisas são encaradas. Meu Facebook funciona durante a semana, quando eu tenho tempo. Muitas vezes fica aberto o dia todo, mas só é olhado quando não estou ocupada. Ele é desligado às 17h30 de sexta e reaberto somente às 10h de segunda. Meu Twitter funciona única e exclusivamente para divulgar este blog. Não faço ideia de como funciona até hoje. Acho estranhíssimo. O My Space fiz porque um ex insistiu, mas nunca teve muita utilidade. Os emails tem várias funções: dois pessoais, um para Consultoria, outro para meu antigo trabalho... Nada do mundo virtual conseguiu prender a minha atenção a ponto de me fazer perder um jantar com amigos por conta da rede. Eu gosto de pessoas.
Eu sei que a internet é uma realidade no mundo, mas ela não é a única. O grande problema é depositar todas (ou grande parte) das suas fichas na rede e se esquecer de que ela não é o único meio de contato com pessoas queridas, ou a única forma de fazer sucesso, ou conseguir um namorado. Tampouco é garantia de que o quê ou quem você irá encontrar valha a pena.
Viva a vida real. Ela pode ser difícil, mas tem suas recompensas!
Jejejeje!!! Pensem nisso!
Para saber mais
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